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domingo, 15 de junho de 2014

Modelo de Desenvolvimento Profissional: um ponto de vista diferente do da Ordem

Um interessante ponto de vista sobre o Modelo de Desenvolvimento Profissional, pelo colega Joao Alves:
Sobre o Modelo de Desenvolvimento Profissional…
Genial! É a palavra que me ocorre quando oiço os “especialistas” e “técnicos” da Ordem dos Enfermeiros, falar sobre o “magnifico” modelo, que será implementado. Mas como eles usam palavras caras, frases longas, chavões e palavrões, vou tentar traduzir, trocar por miúdos, para os enfermeiros que como eu trabalham e gostam de trabalhar, perceberem o que aí vem.

Ora vamos la. Este Modelo de Desenvolvimento Profissional, MDP para os amigos, consiste em, apos os 4 anos de formação Académica numa das dezenas de escolas (lol) espalhadas pelo país, o desgraçado possa ter uma cédula profissional provisoria, que lhe vai permitir trabalhar como escravo durante 10 meses sob a orientação de um Supervisor Clinico certificado pela Ordem dos Enfermeiros. Findo esse período, e cumpridos os requisitos técnico/tático/científicos, podem então obter a cédula profissional definitiva.

Até aqui tudo espetacular. E então como é que isso vai ser? Perguntam vocês. Vai ser assim. Os serviços tem de apresentar uma candidatura a OE para poderem receber alunos em MDP, essa candidatura vai ser analisada pelos “especialistas” e “técnicos” da ordem que vão verificar se os serviços cumprem os requisitos impostos. Simultaneamente os elementos dos serviços candidatos, apresentam candidaturas individuais para poderem ser Supervisores Clínicos dos desgraçados em MDP, candidaturas essas que mais uma vez vão ser analisadas pelas “mentes brilhantes” da OE, que depois escolhem os eleitos para serem agraciados com um curso de Supervisor Clinico ministrado por outras mentes brilhantes da OE. Só quando estes processos estiverem concluídos é que podem começar a receber desgraçados em MDP. De referir que cada serviço deve ter no mínimo 2 supervisores clínicos, e cada supervisor um desgraçado em MDP para tutelar.

Basicamente é isto. Agora gostava de vos dizer porque é que acho que foi uma ideia genial. Isto foi genial da parte de Ordem porque simplesmente arranjou maneira de destruir o que restava da profissão, ao mesmo tempo que ganha poder e controlo. Eu explico.

Por um lado o que se trata aqui é da pura e simples limitação de acesso a profissão, mas não pelo lado das escolas, o que seria a atitude correta e inteligente, o que a OE vai fazer é vender a ilusão, que podem ser enfermeiros com emprego, os milhares de desgraçados que vão continuar a entrar todos os anos, com medias negativas se for preciso, que vão pagar 4 anos de propinas, para chegarem ao fim, serem pagos como escravos, trabalharem 10 meses e irem para o olho da rua, isto na melhor das hipóteses. Genial da parte da OE como por um lado não mexem nas escolas, onde tem interesses instalados porque há eleições para ganhar, propinas para receber e tachos para distribuir, e por outro limitam e negam o acesso a uma profissão onde a procura já supera, e muito, a oferta.

Genial também a forma como a OE se torna indispensável, uma vez que vai chamar a si a responsabilidade (lol) e a competência(rotfl) para auditar e certificar serviços, bem como os seus supervisores. Ou seja, antigamente a formação estava exclusivamente a cargo das escolas, a OE apenas servia para passar cédulas profissionais mediante certificados, agora não, agora a OE vai ter interferência direta na formação e certificação. Com esta medida aumenta o seu poder, e claro, o numero de tachos para os amigos, sim porque para tanta auditoria, para tanto curso e certificação, vão ter muitos amigos a quem dar estes “pelouros”.

Então mas o ministério da Educação, o Governo acha isto bem? Claro que sim, e porque? Porque ate nisto a OE foi de uma genialidade fantástica. Lembram-se que os desgraçados em MDP vão ter uma cédula profissional provisoria, ou seja, eles vão contar durante esses 10 meses como enfermeiros de pleno direito nas respetivas equipas, simplificando, vão contar para as contas de dotação de pessoal, ou seja, os governos já perceberam que vão poder ter mão de obra barata inesgotável, porque de 10 em 10 meses vão chegar novas fornadas de MDP, o que vai permitir os despedimentos dos enfermeiros com 10, 15, 20 anos de profissão que ganham mal, mas ainda assim bem mais que o desgraçado em MDP. Foi portanto um casamento perfeito entre OE e governo.

Para acabar, gostava de dizer que isto é uma vergonha. Não me venham falar da “Qualidade de ensino que o MDP proporciona, porque eles vem de contexto académico e tem de ser ensinados em contexto profissional” parem com isso! Pensam que os enfermeiros são parvos? Se a OE estivesse mesmo interessada nisso, começava a auditar os ensinos das escolas, os estágios clínicos das escolas, os tutores dos alunos em estagio, ou querem que alguém acredite que um aluno, que passa 4 anos a ter uma ma formação, é depois em 10 meses com as miraculosas formações, auditorias, e supervisões da OE que passa a estar devidamente preparado? Tretas. Se querem limitar o acesso a profissão, façam-no a montante, na diminuição do numero de vagas não depois! Tenham coragem, não sejam cobardes, e tenham vergonha de serem os responsáveis pelos despedimentos que este MDP vai proporcionar. Tenham vergonha de terem sacrificado uma profissão pelo aumento de poder e do numero de tachos e tachinhos disponíveis para dar aos amigos. Tenham vergonha de terem transformado a OE numa espécie de juventude partidária, uma incubadora para políticos, a custa dos enfermeiros que criaram a OE para regular e proteger a profissão, não para a violar e destruirl!

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