Não sou defensor acérrimo da presente ordem dos enfermeiros, não sou defensor de nenhuma outra ordem dos enfermeiros.
Não sou sindicalizado em nenhum sindicato, não sou defensor de nenhuma teoria sindicalista.
Tenho empatia por medidas tomadas, ideias diferentes (controversas ou não).
Não sou fanático por nenhuma cor política, nem tão pouco me identifico com nenhuma!
Sou sim Enfermeiro... como os outros cerca de 65000 inscritos na Ordem dos Enfermeiros.
Não defendo ideais... argumento com factos.
Posto isto vamos a factos (e corrijam-me por favor se tiver enganado após cerca de 30 minutos de leitura sobre o assunto):
Facto nº 1 - Tribunal anula eleições da ordem dos enfermeiros realizada há 3 anos (http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=792717&tm=8&layout=122&visual=61)
Questão: Quais os pormenores ? Em que se baseou esta decisão?
Resposta: http://www.ionline.pt/artigos/portugal/tribunal-lisboa-anula-eleicoes-2011-ordem-dos-enfermeiros
Facto nº2 - Esta anulação resulta de um recurso feito a um recurso negado apos um veredicto de absolvição inicial (http://www.ordemenfermeiros.pt/comunicacao/Paginas/Esclarecimento-sobre-a-decisao-do-Tribunal-Administrativo-de-Circulo-de-Lisboa.aspx)
Questão: Se isto fosse um jogo de futebol, estariam empatados 1-1 ?
Facto nº3 - Está longe de estar terminado legalmente este processo, pois se fosse um jogo de futebol, ainda iria a prolongamento... aguarda-se um novo recurso a este veredicto (http://www.ordemenfermeiros.pt/comunicacao/Paginas/Esclarecimento-sobre-a-decisao-do-Tribunal-Administrativo-de-Circulo-de-Lisboa.aspx)
Posto tudo isto, a unica apreensão que se gera em mim é a enorme mancha negra que cobre a Ordem dos Enfermeiros e a nossa profissão.
Já somos uma classe descredibilizada... desrespeitada, ignorada, (des)unida e quebrada... o que nos faltava ?
Queriamos mediatismo televisivo ?
Aqui o temos! http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=792717&tm=8&layout=122&visual=61
Como sempre... pelos piores motivos...
Preocupa-me o futuro... preocupa-me a justiça... mas acima de tudo preocupa-me a enorme vontade de Poder dentro da nossa classe (e não, não estou a fazer um ataque directo à Enfª Ana Rita Cavaco ou ao actual bastonário...estou a constatar factos)
Deixo a nota... para se comandar um exército é necessário primeiramente ter soldados... não adianta ser-se bastonário de uma ordem, quando se fazem assembleias gerais onde se reúnem para decidir o futuro de uma profissão composta por cerca de 65000 profissionais apenas 113 pessoas...
Esta parece-me a chave da questão... MOTIVAÇÃO
Espero que tudo se resolva, mas acima de tudo, espero vir a ter no futuro próximo uma Ordem dos Enfermeiros digna do seu nome, mas acima de tudo, que digne a própria profissão...
Liderada pelo Enfº Germano Couto, pela Enfª Ana Rita, ou por outro qualquer, tenho confiança que o caminho será para a frente...
Tenho, acima de tudo confiança que UNIDOS VENCEREMOS...
Saudações a todos!
“A Sra. Enfermeira foi muito simpática”. Esta é, frequentemente, a frase que descreve a avaliação global dos utentes sobre os cuidados de Enfermagem que receberam, aquando da alta hospitalar. “Vocês são todos muito simpáticos” ou “Foram uns queridos com a minha mãe/pai” são outras variantes conhecidas. Para o profissional que as ouve, é motivo de orgulho e do despoletar uma alegria desmesurada, como contraponto às condições degradantes do exercício profissional.
“Que bom, o utente achou que fomos simpáticos e amistosos! Tenho o dia ganho!” – é isto que se passa, consciente ou inconscientemente no cérebro de alguns enfermeiros. E não é mau, este é um sinal de que o indicador de satisfação do utente foi cumprido e que é, quase sempre atingido. Até aqui, tudo bem.
Felizmente, a maioria dos enfermeiros é simpática e amistosa. Felizmente, a maioria dos utentes está satisfeito ou muito satisfeito com os cuidados de Enfermagem. Felizmente, exprimem-no e agradecem. O grande perigo, esse sim, é o de o utente considerar que a coisa mais importante que o enfermeiro fez foi ser simpático e, consequentemente, defini-lo como tal. Sim, quando a maioria dos utentes define os enfermeiros apenas como sendo “simpáticos”, “queridos”, “extraordinários” ou “impecáveis”, fico sempre na dúvida se só retiveram isso e porquê.
Os enfermeiros fazem a apologia da relação humana, do apoio, da escuta, mas será que a sua atuação se esgota por aí? Será que valorizar apenas estas competências não fará com que o enfermeiro as exerça e só dê essa vertente a conhecer, sendo depois classificado pelos utentes como tal? Há uns tempos atrás vi a apresentação de um trabalho de investigação, em que se procurou conhecer a percepção dos utentes sobre as competências dos enfermeiros: como resultado, os primeiros apenas identificaram competências técnicas e de relação. Arrepiei-me. Onde fica o CONHECIMENTO no meio de tudo isto? Mas depois lembrei-me do que dizem as jornalistas Bernice Buresh e Suzanne Gordon: os enfermeiros identificam-se e querem ser identificados pelas competências relacionais, porque já sabem que os utentes gostam dessa vertente e os elogiam por isso. Dessa forma, é muito mais fácil eu continuar a exercer um trabalho que prime por um conjunto de competências que já sei que os utentes gostam, do que me “aventurar” a exercer outro tipo de competências, com as quais me posso “sair mal”.
A grande questão é que quando os enfermeiros são somente identificados pela simpatia, isso significa que os utentes não lhes observaram competência, responsabilidade e conhecimento. Mesmo que o tivessem feito, foi em tão escassas circunstâncias, que não foi isso que “marcou”. E se isso não marca, a imagem que a sociedade retém do enfermeiro, todos os dias, em todos os cuidados, é que este é um profissional meramente técnico, sob jugo de outros.
Dessa forma e mais que nunca, o desafio é apenas um: demonstrar o nosso conhecimento em CADA interação com os utentes.Se eu presto um cuidado, eu tenho de o acompanhar da verbalização destes três elementos: o que estou a fazer é minha função (autónoma), porque o estou a fazer e o que acontece se não o fizer. Cada interação em que eu não fizer isto, é uma OPORTUNIDADE PERDIDA de reverter este estereótipo de enfermeiro “simpático”.E você, já exerceu o seu conhecimento junto dos utentes, hoje?
Esta e outras reflexões no Livro “Se a Enfermagem Falasse…”, que podem encomendar em www.comunicarenfermagem.com
Texto escrito pelo enfermeiro Rodrigo Cardoso, removido do site http://forumenfermagem.org/comunicacao/item/4074-quando-os-enfermeiros-sao-simpaticos#.U5-yfpRdXjt