Ontem assistiu-se a um debate
importante no prós e contras.
Assistiu-se também a uma total
ausência da ordem dos Enfermeiros no mesmo.
Sem dúvida que a visibilidade
social do papel do Enfermeiro é importante para criar uma aproximação junto da
população e marcar uma posição na mesma… o apoio incondicional do utente é
importante para sermos compreendidos e podermos reivindicar o que quer que seja
(e são tantas… as “coisas” que precisamos!)
No programa em questão foi apenas
referido que “a ordem dos enfermeiros havia recusado o convite para o programa”…
o que não foi dito foi que havia sido convidada para a plateia e não para o
painel principal…
Podemos encarar esta situação de
duas formas distintas (e mais uma vez dividir as opiniões no seio da nossa classe
e colocarmo-nos uns contra os outros):
1) Foi
uma atitude de louvar do bastonário
da Ordem dos Enfermeiros, inferindo que somos uma classe autónoma,
independente, com força e poder, pelo que temos tanto direito como o bastonário
da ordem dos médicos a sentarmo-nos ao seu lado e comentar o actual estado
do SNS. Somos participantes activos e corroboramos com o desmoronamento do
mesmo pela não contratação de profissionais de saúde, pelo Burnout inerente à
quantidade de horas extraordinárias realizadas e deficit de cuidados com
qualidade na população. Somos portanto solidários com os problemas actuais do
SNS, e tão iguais como a classe médica ao manifestar o nosso desagrado com a actual
situação proporcionada por uma má gestão Governamental ao nível de Políticas de
Saúde e reestruturação das mesmas.
2) Foi
uma atitude de cobardia do
bastonário da Ordem dos Enfermeiros, uma oportunidade perdida de dar ênfase ao
nosso papel no SNS, uma oportunidade de explicar o actual contexto em que
vivemos, as dificuldades que passamos e o que tentamos reivindicar anualmente e
reconquistar. Foi uma atitude de corroboração com o actual governo, com total
permissão para ainda mais abusos na nossa classe.
Após ter visto o programa na
íntegra, louvo os três enfermeiros que tentaram participar no debate e
inclusivamente tiveram direito a palavra no mesmo programa (se bem que por
muito pouco tempo!).
O medicocentrismo presente durante todo este “debate”
infelizmente não permitiu aos colegas expressarem abertamente a sua opinião …
tudo parecia importante menos o papel dos Enfermeiros e a sua opinião…
assistimos a declarações de administradores hospitalares, gestores, médicos
directores, médicos internistas alongadas… mas quando se tentava dar a palavra
aos enfermeiros… o tempo era pouco!
Tenho sinceramente pena de o
actual Bastonário não ter participado neste debate… em parte compreendo a sua “press
release”… em parte fico revoltado…
E agora… preso por ter cão, ou
preso por não ter ?